Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

a alma da flor

a alma da flor

Uma culpa chamada "sofá"! Parte III

25.02.08 | DyDa/Flordeliz

 

Imagem retirada da Internet

Capítulo III                                                                     

                     

As manhãs eram feitas de rotinas. Levantar a correr. Duche rápido. Preparar o pequeno-almoço e a lancheira da Mafalda. Os minutos eram cronometrados para que todos conseguissem chegar a tempo e horas.

Sempre ajudou Marta nas tarefas diárias, o mesmo acontecendo em relação a Mafalda. Eram gestos tão repetidos que os faziam sem pensar.

Mas hoje estava distante e Marta alertou-o para que se despachasse ou chegariam atrasados

Sentia-se irritado. Tinha dormido mal e a cabeça latejava, deixando-o mais lento que o habitual.

Enquanto desciam para a garagem, Marta apercebeu-se que ele não estaria bem, prontificando-se de imediato a ser ela a conduzir, mas Manuel rejeitou e sentou-se ao volante, tomando o caminho da escola da filha.

Mafalda era uma criança alegre e tagarela que adorava a escola, os amigos. À saída despediu-se com um beijo e um aceno de mão e saiu a correr batendo fortemente com a porta, dirigindo-se imediatamente para a sala. Com o seu habitual toque, a campainha indicava o inicio de mais um dia de aulas.

Marta e Manuel trabalhavam na mesma empresa. Ele trabalhava no departamento de Investigação e Desenvolvimento, enquanto que ela, por seu lado, desempenhava a função de Comercial.

Enquanto conduzia, ia ouvindo a voz da esposa a ultimar os preparativos da viagem a França e Inglaterra. Estava feliz pois, finalmente, a colecção estava pronta. Mantinha uma carteira de clientes invejável, mas não descurava a atenção que eles lhe mereciam.

Na empresa era respeitada e compensada financeiramente pelo trabalho que desempenhava. Era uma mulher simpática, afável e dinâmica, dominando em simultâneo várias línguas. Desde muito jovem se habituou a viajar sozinha. Esteve na Grécia, Brasil, Turquia, Marrocos e mais recentemente na Índia. Os seus clientes eram maioritariamente franceses e ingleses. Mas para fazer face aos baixos preços praticados pela concorrência, teve necessidade de encontrar países onde a mão-de-obra fosse mais barata, colocando e controlando aí as encomendas. Era realmente muito profissional.

Manuel admirava o seu dinamismo e o empenho, conseguindo mesmo assim manter um aspecto jovial e alegre, aparentando um ar bem mais jovem que os seus 37 anos.

Todos os dias passavam pelo bar da empresa para um curto café antes de darem início a mais um dia de trabalho. Despediram-se, como sempre, com um beijo e cada um rodopiou em direcção ao seu gabinete.

Nessa altura chocou com uma pessoa que vinha em sentido contrário. Atrapalhado apressou-se a pedir desculpas. Era Joana que tinha ficado corada e olhava para ele com ar inquieto.

Encabulado, disse-lhe bom dia e murmurou que precisavam falar. Ela apenas anuiu com a cabeça fugazmente e ambos seguiram para as suas tarefas.

 

                                                       (continua...)