Uma culpa chamada "sofá"! (Parte II)
Imagem retirada da internet
Capítulo II
Cada um foi incumbido de tarefas diferentes e não mais se cruzaram durante aquele dia. Manuel sentia-se estranho. O dia pareceu-lhe demasiado longo. Sentia-se cansado, um pouco febril. Tentou encontrar no trabalho motivos para ocupar a mente e esquecer o sucedido. Mas sem sucesso.
Por mais tentativas que fizesse, o pensamento obrigava-o a fechar os olhos. Sentia ainda o calor do corpo de Joana de encontro ao seu peito, o cheiro da sua pele macia e perfumada. Mantinha ainda na boca o sabor da sua pele.
Sentia-se arder em desejo. Um desejo que tomava conta do seu corpo e da sua mente fazendo-o estremecer.
Tentando acreditar que era um sonho, piscava com insistência para despertar. O seu coração batia descompassado. Batia tão alto, que ele acreditava ser possível ser ouvido, por quem com ele se cruzasse. Sentia-se assustado, confuso, envergonhado e ao mesmo tempo com uma vontade louca de procurar Joana para saber o porquê de tão arrebatada e inoportuna explosão.
Resistiu! Ao final do dia regressou a casa, onde Marta, sua esposa e Mafalda, sua filha, o esperavam de sorriso aberto.
Beijou fugazmente Marta e abraçou com ternura a menina que correu para os seus braços como sempre fazia.
O jantar foi feito de conversas triviais. O serão passado junto à televisão como era habitual. Embora presente, sentia-se ausente no turbilhão de emoções que tinha vivido nesse dia.
Marta estranhou o silêncio e perguntou se estava doente. Esquivou-se respondendo que se sentia cansado e recolheu-se mais cedo nesse dia, pedindo-lhe que deitasse Mafalda em seu lugar.
Quando por fim Marta se deitou a seu lado, Manuel fingiu que dormia. Não se sentia capaz de conversar ou de a abraçar. Sentia-se inquieto. Não entendia o que lhe havia acontecido. Precisava pensar. Precisava encontrar respostas. Precisava de tempo!