Uma culpa chamada "sofá"! (Parte I)
Imagem retirada da internet
Comentavas com graça que a culpa era do sofá. Aquele maldito sofá vermelho que traiu as tuas defesas, as tuas barreiras e a fez cair bem no meio do teu abraço.
Capítulo I
Joana era apenas uma colega de trabalho. Como tantas outras com quem convivia diariamente. Nunca lhe havia prestado muita atenção e não se poderia dizer sequer que pertencia ao seu grupo de amigos.
Naquele dia, saíram os dois para recolher os enfeites da festa de natal da empresa, deixados na quinta onde dias antes todos se haviam divertido.
Ao penetrarem na penumbra do espaço, Manuel sentiu um arrepio percorrer-lhe o corpo fazendo-o estremecer. Pensava ele ser frio. Olhou para o lado e teve a sensação de que o mesmo frio percorria o corpo da colega que o acompanhava. Foi nesse instante que os seus olhares se cruzaram e algo o fez sentir atrapalhado e nervoso, desviando de imediato o olhar.
A sala estava demasiado escura, demasiado silenciosa. Os passos dela ecoavam pelo soalho. Manuel percorreu o olhar pela sala semi-escura tentando concentrar-se no motivo que os levou ao local. Tentou abstrair-se do corpo curvilíneo da mulher que seguia à sua frente e lhe toldava as ideias e os sentidos. Pensou em recolher apressadamente o material que tinham ido buscar para saírem dali. Novo arrepio percorreu a sua espinha deixando-o confuso e tenso. O coração batia-lhe descompassado. Sentia-se estranho.
Foi atraído pelo sofá e sentou-se por momentos tentando sossegar o nervosismo que tomara conta do seu pensamento. Joana seguiu-lhe o gesto, aproximou-se lentamente para tomar o lugar a seu lado, mas ao fazê-lo tropeçou e foi cair bem no meio dos seus braços.
Entreolharam-se atrapalhados e os seus corpos foram-se aproximando num abraço de desejo e paixão arrebatadora. Tocaram-se, acariciaram-se e por fim beijaram-se, saciando uma vontade que os deixou assustados.
Quando por fim se separaram, em silêncio, envergonhados, recolheram apressadamente o restante material, percorrendo todo o caminho de regresso sem trocarem uma única palavra.
(Continua...)