Mais um dia terminou...E que dia!
Mais um dia na minha vida.
Senti-me útil, senti que pude fazer bem a alguém.
Quando por fim terminei vi um olhar tranquilo, cansado, mas aliviado.
E isso não me sai da memória.
Eu fiquei exausta, transpirada, nervosa, mas muito aliviada por ter conseguido vencer uma tarefa para a qual nunca ninguém nos prepara ou ensina.
É um tactear no escuro, seguir o instinto apenas, com a intenção de ser útil e aliviar quem não consegue ser autónomo.
É difícil entender o que senti um misto de tristeza/alegria, afinal fui capaz.
São sentimentos confusos, estranhos.
Talvez porque é impossível não nos revermos naqueles que cuidamos.
Um dia vamos estar dependentes da boa vontade de alguém que olhe com um pouco de atenção, ternura ou apenas compaixão (quem sabe!?...) por um corpo derrubado pelo tempo ou pela doença.
Mexeu comigo, sempre mexe!
Tento brincar com as situações, e pensam que por brincar para tentar esconder o meu nervosismo, não sofro, no entanto fico transtornada por sentir a falta de bem estar dos que me rodeiam em especial os idosos.
Acredito que todos temos direito a um tratamento digno de bem estar e conforto.
Para que é necessário uma familia que nos fale nos mime ou nos encha o quarto de flores, se nos deixar apodrecer por inexperiência ou negligência?
Ao diabo com as palavras doces:
-Troquem por higiene e conforto
- Deixemo-nos de moralismos ou hipocrisias.