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a alma da flor

a alma da flor

Ai Mundo...

27.01.11 | DyDa/Flordeliz

Sempre que estou mais triste ou doente, o meu pai que gosta de me ver sorrir e para me animar desencanta sempre uma nova história dos seus tempos de juventude. Contava ele Sábado...

 

 

A Dona Adélia tinha acabado de afastar o gato que miava entre as suas pernas com o cheiro da panela dos rojões acabadinhos de fazer quando, de repente, o seu marido Bernardo tombou redondo na cozinha e se finou.

A notícia espalhou-se rapidamente pelos familiares, amigos e vizinhos e todos acorreram para consolar a pobre viúva.

Já o corpo do falecido se havia esfriado no caixão e ainda ela chorava e gemia olhando de esguelha para o lado:

- Ai Mundo-Mundo… um a um levas-mos todos.”

Continuando entre soluços, e sempre aproveitando, quando alguém a cumprimentava, para tombar a cabeça e suspirar fundo:

- Ai Mundo-Mundo… um a um levas-mos todos.”

Nova choradeira. E continuava com a mesma lengalenga, até que os amigos começaram a ficar desconfiados de que a viúva escondia algo grave e começaram os cochichos.

O senhor João, amigo antigo da família e também homem de coragem resolveu que havia de tirar a limpo a questão.

Aproximou-se, pediu perdão à senhora e interrogou:

- “D. Adélia, a senhora vai-me perdoar. Sei que é uma dor muito grande a perda do Bernardo, homem bom e que parecia vender saúde. Mas ninguém entendeu ainda porque diz que o mundo nos vai levar a todos?”

Ela, num gesto ainda mais tristonho, fez sinal com a cabeça, apontando com o olhar o gato que sorrateiramente metia a pata na panela sacando os rojões.

- “Foi assim que o meu gato Mundo, um a um, me deu cabo deles todos!”

 

 

E também foi assim que, de uma vez só, a D. Adélia ficou sem marido… e sem o jantar- dizia o meu papi em tom de marotice{#emotions_dlg.bunny}

Cinco minutos de fama

11.01.11 | DyDa/Flordeliz

Nos últimos dias muito se tem falado na morte de Carlos Castro e no desmoronar do sonho de carreira do modelo Renato Seabra.

Aborda-se o tema das preferências sexuais. A vontade de subir ao topo e à fama a custo de promessas e, como é óbvio, contrapartidas de favores ou benesses obtidas. A ingenuidade da idade.

Enquanto vou escutando, enquanto se vai falando, recordo outros casos de sucesso, outras situações de estrelato pouco estruturado, de fama fácil e mesmo demasiado repentina para jovens de origem humilde, sem grande preparação académica ou retirados do seio habitual – a família.

   O jovem pedreiro Zé Maria (ex BIG BROTHER). Rapaz tímido e simples, sem preparação para ser largado numa vida de exposição pública, andou perdido, tentou mesmo o suicídio e ainda há bem pouco tempo recebia ajuda para conseguir retornar à vida “dita” normal.

   O padeiro Bruno, de Barcelos (ex BIG BROTHER), que depois do cair do pano, dedicou-se a companhias e negócios pouco recomendáveis e acabou preso.

   Mário (ex BIG BROTHER), embarcou em nau ou tormenta grande demais ao dedicar-se à exploração de bares e animação noturna. O interesse publicitário pela sua imagem foi tão passageiro quanto a sua fama, mas a tentação de continuar sobre as luzes da ribalta fez com que o caminho a seguir se tornasse demasiado escorregadio, acabando também ele, preso.

   Dino (Francisco Adam) era ainda um miúdo. Teve um trágico acidente de automóvel que lhe ceifou a vida. Talvez porque as horas não chegam para as solicitações. Fala-se em excesso de álcool e drogas. É uma das vias para aguentar os compromissos assumidos depois das longas horas de gravação em estúdio.

Falo nos nomes destes e não de outros sem qualquer intenção, apenas porque foram os que me lembrei de repente.

Há, com certeza, quem consiga aproveitar a oportunidade que surge, seguir e gerir o sucesso. No entanto, acredito que no meio de tudo isto, se não existir o fator família, alguma sorte, muita força de vontade em resistir às tentações e, mais importante que tudo, um conhecimento de si e dos seus limites, não haverá tempo para um dia parar e pensar. Olhar o caminho percorrido e analisar se o que falta percorrer, ainda está em sintonia com a personalidade de cada um e o que se deseja como forma de vida.

Quase todos estes sucessos são fruto de um acaso. Param-se estudos. Cortam-se inesperadamente laços familiares. Larga-se o que se sabe fazer (estudo ou profissão). E, de repente, levantam voo em direção ao desconhecido.

Qualquer carreira tem (devia) de ser estruturada, pensada. Por trás dela há um grande investimento antes da mesma ser premiada e apelidada de – Sucesso. Êxito. Ídolo.

Transformam miúdos em celebridades. Em poucos dias, passam de simples desconhecidos a exemplos a seguir.

A seguir o quê? De quê? Porque alguém assim o decidiu? Que e quem os faz especiais do dia para a noite?

Um médico que abre um consultório, não passa a ser brilhante no dia seguinte. Um pintor que pinta a primeira tela, não tem o reconhecimento do público no primeiro dia em que a expõe. Um engenheiro antes de lhe ser dada a obra-prima da sua vida, aprende na faculdade e só depois coloca em prática o que lhe foi ensinado e só depois evolui. E por aí fora!...

Tudo isto para dizer que: A culpa muitas vezes morre solteira. Quando cada um de nós é culpado.

   Nós – Família

   Nós – Público

   Nós – Sociedade

Os que querem subir galgando por cima dos outros. Os que ajudam a que as barreiras sejam derrubadas por meios menos claros. Os que vivem à custa da ingenuidade. E aqueles que acreditam que a sorte está ao virar da esquina, apenas porque sim!

 

E os cinco minutos de fama... (?)...