Uma porta entreaberta. Um jardim colorido. Árvores frondosas enquanto a hera trepadeira vai cobrindo as paredes. E…
Pela minha memória passam recordações da época em idade escolar. Muitas horas embrenhada no cenário imaginário dos livros de aventuras de ”Os cinco” – de Enid Blyton.
Li a mesma estória tantas vezes, sem nunca enfadar. Mesmo já a conhecendo e sabendo de cor como ia terminar.
Eram páginas repletas de mistério. De segredos. Locais e casas abandonadas. Tesouros escondidos em grutas e penhascos.
A “Quinta Kirrin”, onde vivia a Zé com os seus pais, a tia Clara e o tio Alberto, o cão Tim e os primos que chegavam e eram acolhidos com agrado pela família, durante as férias.
Esta quinta ficava próximo de uma ilha com praia de águas calmas.
E muitas das aventuras acabavam nessa mesma praia com gargalhadas, jogos e corridas na areia e banhos no mar. Lembro-me, também, que costumavam ter como recompensa um belo e anafado cesto de lanche, com sanduíches frias, frutas, bolos e limonadas.
Era tudo tão bem descrito que ainda me recordo de como na época me crescia a água na boca, apesar de desconhecer grande parte dos ingredientes que compunham a elaborada e recheada ementa que a autora falava, uma vez que, por casa, nunca tinha visto ou provado. Mas nada disso servia de empecilho ou me impedia de imaginar os sabores ou, ainda, de me “juntar” à aventura em que só no livro permaneciam “Os cinco”. No meu coração e desejo éramos, na verdade, “Os seis”!
Percorri cada labirinto e até me antecipei a decifrar as charadas, juntando-me alegre ao festejo e à celebração do final de mais um enigma resolvido e à continuação de dias de brincadeira passados ao sol.
Tudo isto, sem sair de cima da cama, de barriga para baixo e pernas no ar, já a sonhar com o livro cujo título era anunciado na última página do que tinha acabado de ler.
Talvez por ser uma porta em ferro antigo. Talvez por ter brasão. Talvez… Não sei, o porquê… Sei é que senti imensas saudades dos castelos encantados da minha infância.