Pensamentos positivos precisam-se…Mesmo!
O negativismo, a quase inexistência de objectivos, e a crise, persegue-nos como uma praga.
A comunicação social presenteia-nos diariamente com mais e mais catástrofes. Umas de origem natural. Outras são “naturalmente” previsíveis e há já muito tempo catalogadas e anunciadas.
São as mesmas medidas pronunciadas até à exaustão que, sendo ou não necessárias, não nos provocam “ponta” de alívio ou nos fazem “saltitar” por mexerem em demasia com o nosso bolso.
Continuamos com o jogo viciado do gato e do rato entre governo e oposição que, por ser repetitivo, se torna enfadonho. Todos temos consciência de como é insustentável para o país este ping-pong de jogadores, na verdadeira asserção da palavra, já cansados e viciados de tanto tentarem adivinhar de que lado recai o ponto no final da disputa.
Um presidente que faz um anúncio de recandidatura, com o habitual “discurso nulo”, de uma cassete fora de moda, gasta e riscada pela lenga-lenga do “não posso nem devo falar” – “Sou o presidente de todos os portugueses“ – quando ficamos com a sensação de que não fala porque nada tem a acrescentar que seja novidade, ou mais-valia para a nossa estabilidade emocional.
Ou seja: Propõe-se a um cargo mas continua o flagelo sem que ninguém entenda o que nos vai oferecer que já não tenhamos visto antes.
Os empregos são, simultaneamente, menos e mais: menos em número e mais em precariedade. A falta de alternativas frustra as expectativas dos jovens que acumulam passagens nas portas do Centro de Emprego.
E o olhar? … Sim! O olhar e a expressão penosa dos transeuntes “novos-velhos” carregados de desolação e, pior de tudo, já alguma resignação à mistura.
Os parques e esplanadas das nossas cidades estão lotados de gente de olhar perdido. Outrora eram ocupados alegremente por avós e netos. Hoje são pelos que foram considerados “sem préstimo”, substituíveis no seu posto de trabalho e dispensados como incapazes. Muitos ainda com idade e força mais que suficiente para não serem mais um peso “no tal orçamento” ou uma carga de trabalhos.
Problemas de auto-estima, vergonha e, o mais difícil ainda, aprender a viver como “domésticos”, sejam homens ou mulheres, são os principais obstáculos que estas pessoas enfrentam ao serem precariamente marginalizados.
Por opção? Não! Por obrigação!
Vêem-se a braços com a extrema dificuldade de governar os parcos orçamentos familiares, muitas delas com crianças ainda em idade escolar, fazendo involuntariamente parte de um problema que afecta o país inteiro e do qual não são directamente responsáveis.
No horizonte, as nuvens continuam carregadas, e muito cinzentas. Não se vislumbram os desejados “ventos da bonança” e a esperança, essa, aos poucos vai definhando. As horas custam a passar sem uma ocupação. Sem se sentirem produtivos e úteis. A idade é que vai correndo veloz. Pois essa não pára, negando-lhes a cada dia que passa a capacidade de ir à luta e virar a situação.
Pedem-nos “pensamentos positivos”.
Mas, onde se pode adquirir “pensamentos positivos”?
Quem vai encontrar ou descobrir a receita e os ingredientes na medida certa, para que a patente do sucesso seja registada e possa ser colocada em local de fácil acesso a todos, animando o nosso povo e as nossas gentes “para que se volte a acreditar” que “ainda é possível” e ainda vale a pena investir e sonhar em Portugal?!...
Somos um país de velhos (idosos), de velhos (novos demais) e ainda de jovens (velhos) já acomodados e sem iniciativa.
Negativa, eu?!... Só se não olhasse à minha volta!... Eu sou é realista!
Mas preciso e quero continuar a acreditar que ainda é possível viver neste país pequeno mas de encantos tamanhos. Que há gente boa. E que essa gente é em maior número que a que de nada nos serve e só se preocupa em delapidar ainda mais o que já foi imensamente rapinado. Que nem toda a gente é corrupta. Nem todos são criminosos. E que política pode ser feita por gente a sério e com consciência (de ambos os lados da barricada).
Bem, pensando melhor… talvez esteja mesmo a sonhar.