Aquele menino de pele imaculada que usava uma pobre fralda é a imagem que ainda guardo e associo ao Natal.
O MENINO JESUS que, despojado de bens materiais, enchia nesta época o imaginário infantil, com poderes para satisfazer sonhos e pedidos tão simples como guloseimas, bolas, bonecas e carrinhos.
Em todas as casas montavam-se presépios com musgo apanhado nos montes e um ramo de sobreiro enfeitado com bolas, peixes, gatos e galinhas de chocolate, provocando-nos sempre que por ele passavamos uma enorme tentação.
Podiam faltar ovelhas, o padre partir uma perna ou o pastor um braço, mas no presépio o menino Jesus, esse, era desembrulhado do algodão onde fora cuidadosamente guardado para poder resistir para o ano seguinte sem mácula, sendo colocado com mil cuidados sobre uma manjedoura de palha, símbolo da privação e simplicidade de onde e como nasceu.
Mas isto… era no meu tempo! Eu cresci. E quase sem dar por isso, esta figura delicada e ternurenta, foi substituída pela de um velhote anafado e barrigudo, vestindo roupas de um vermelho garrido, quentes e um belo par de botas. Chamaram-no de PAI NATAL. Apareceu transportado por dois pares de renas soltando com pretensão ho-ho-ho por onde vai passando.
É esta a figura que todas as crianças reconhecem e ligam à época natalícia, mas que, pela figura imponente, ainda vai assustando os mais tímidos e os mais pequenitos. No entanto, todas as crianças são tentadas a vencer o medo, conquistadas pelo enorme saco que o acompanha e que simboliza a distribuição a granel de presentes para as festas onde é convidado.
Enquanto eu vou ficando mais velha, o Natal vai sofrendo alterações e inovações.
O Pai Natal deixou de ir com “o Coelhinho e o Palhaço, de comboio, ao circo”.
Vi nascer e crescer uma “hipopótama” gordinha chamada POPOTA. Este ano, foi transformada numa fêmea de linhas elegantes e sedutoras. Deve ter feito tratamentos no consultório do Dr. Póvoas, ou então passou pela Dermoestetica fazendo lipoaspiração.
Apareceu a avestruz Leopoldina e, até esta, este Natal, sacudiu as penas e enfiou-as numa roupa tipo “Lara Croft”, combatendo os “maus da fita”.
Mas o que mais me surpreendeu foi o Pai Natal, pela ousadia na montra de uma loja do NorteShopping.
O velho “gorduxo” despojou-se de preconceitos, mostrando a banha ao retirar a roupa e dedicando a quem por ali passa um sorriso travesso, bem como um búm-búm rechonchudo.
Confesso que, por momentos, fiquei um pouco confusa e na dúvida voltei para admirar os seus dotes físicos.
Portanto, posso confirmar: O PAI NATAL está NU no Norte (Shopping).