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a alma da flor

a alma da flor

Sexta o Sol enganou-me...

29.11.08 | DyDa/Flordeliz

 

 

Desejei que o Sol vos (nos) desse uma espreitadela este fim-de-semana

Mas como :

Hoje ainda é Sábado

A Norte chove a cântaros

O frio gela

os ossos,

as orelhas,

o nariz

e tudo mais

que se mostrar lá fora...

 

 Meti mãos à obra e

acendi a lareira

 para vos (nos) aquecer

 

Como já há sinais de Natal

deixo um raminho

do azevinho que "cliquei" no jardim

 

Tareia dobrada!

19.11.08 | DyDa/Flordeliz

Na aldeia onde eu vivia, o sacristão era uma espécie de Guardião do Templo.

Ajudava o padre, cuidava da igreja, das esmolas, das obras, das velas, anotava as missas e ainda ensinava ao sábado de tarde a catequese.
Era uma figura que todos temíamos. Sisudo e sombrio, tinha sempre à mão uma vara comprida que chegava aos sítios mais afastados, caindo sobre as nossas cabeças e acordando-nos do enfado de palavras repetidas tipo cantilena e que, na sua maioria, não percebíamos o sentido mas tínhamos de decorar.
Ninguém tinha coragem ou ousava fazer perguntas. Era assim, ponto final!
Destes sábados, ficou gravado na minha memória, um em especial. Um dos meus irmãos, rapaz que se julgava “moço” pois era mais velho seis anos, resolveu espreitar por brincadeira ou curiosidade as meninas da catequese por uma janela estreita que dava para a sacristia. Talvez porque a janela era pequena, ou porque ele também não era grande, a sua aventura foi presenteada com uma canada daquelas de se tirar o chapéu. O meu irmão ficou tão atordoado e surpreendido que nem vontade teve de chorar! No entanto, ao voltar-se com a raiva estampada no olhar brilhante, disse: “Vou-me vingar!”
Todos sabíamos que no final da sessão de catecismo, o “guardião” gostava de ir à tasca do Pontes beber o seu copito para molhar a palavra, já que, no final da tarde, lá estaria ele no altar a ler o Evangelho e a cantar, enquanto o padre (já velhote), se sentava a descansar.
Junto à igreja, havia uma quinta que chamavamos “A CERCA”. Era uma quinta cheia de árvores frondosas e mato, vedada por um muro alto. Aliás, até tínhamos um pouco de medo de tão densa que era a vegetação.
Nesse dia, o meu mano e colegas resolveram castigar o senhor António pela vergonha que o tinha feito passar. Encheram-se de coragem, subiram o muro, colocaram estrategicamente pedras em cima dele e esperaram escondidos que ele por ali passasse.
Ia o homem calmamente estrada acima, quando de repente, uma chuva de pedras lhe começou a fustigar as pernas e a cabeça. Esbaforido, a praguejar e a lançar impropérios, desatou a correr enquanto os malandros o acompanhavam parede acima sem abrandar o ataque.
Entrou como um foguete, assustando o velho Pontes que lhe perguntou: “Então homem parece que viu diabo! Que aconteceu?”
Ainda a recompor-se dizia: “Foi o neto…o neto…foi o neto do Rufino!… Esse malandro! Vou mandar chamar a mãe para fazer queixa dele!”
E se bem o pensou, melhor o fez!
Uns dias depois, a minha mãe recebeu um recadinho para ir falar com o sacristão. E ela, como boa cristã e cumpridora, meteu pés ao caminho e lá foi.
- Azar do meu irmão, pois a minha mãe era um doce mas não admitia faltas de respeito!
Claro que o “bondoso rato da igreja” só contou que o meu mano o tinha apedrejado e “esqueceu-se” de dizer que lhe tinha acertado com uma canada tão forte que lhe ia atirando uma orelha ao chão. 
A minha mãe pensava que ia para ouvir falar de mim e, afinal, saiu de lá envergonhada. Ao chegar a casa resolveu começar pelo fim, ou seja, uma bela “carga de lenha” no meu irmão. E só depois foi ouvir dele, de mim e dos colegas a versão completa dos factos.
Claro que não gostou que lhe tivessem batido no filho, mas a coça já tinha sido dada e ele não tinha que o apedrejar, pois podia ter magoado o homem que era mais velho e até se podia ter afligido.
Mães…

Imagem retirada da internet

Não sei fazer orelhas moucas!

13.11.08 | DyDa/Flordeliz

Estamos na época das constipações. Os dias ficaram muito frios e o meu filho anda meio adoentado. Diz que sente a cabeça pesada e o nariz está congestionado e pingão. E nota-se no seu olhar a fadiga provocada pelo esforço em continuar a levantar e sair cedo para não perder as aulas.

Para aliviar este quadro, já tratou de “enfiar” uns comprimidos tentando resistir à vontade de se deixar adormecer até a maleita dar de frosques, pois a época é de testes e não de ficar na cama!
Como mãe, fico preocupada e tento aliviar-lhe o mau estar. E hoje, ao passar pela farmácia, resolvi entrar para pedir algo que o pudesse ajudar a respirar com menos dificuldade.
Estava a abarrotar de gente. Afinal, as constipações chegam sem limite de quantidade e é só “pegar e levar para casa”!
A mim, falta-me a paciência. E desespero quando vejo muita gente à espera, enquanto muito calmamente, os funcionários vão fazendo o mesmo trajecto e o mesmo ritual vezes sem conta em direcção aos armários para despachar uma receita com vários medicamentos, trazendo apenas UM de cada vez. Será proibido trazer mais que um, tenho essa dúvida?!
Sei que sou impaciente e que locais com muitas pessoas me fazem confusão. Não é culpa de ninguém, é feitio meu! Mas ainda assim…
Enquanto tentava enganar a impaciência, passando o peso de uma perna para a outra e aguardando a minha vez, eis que oiço um petiz na casa dos sete anos (poderia ter mais… poderia ter menos… andava lá perto!) sussurrar, um pouco acima da minha cintura.
- Dá-me uma moedaaaaa?!...
Despertando da minha observação e ansiedade, olhei na sua direcção e respondi:
- Para que queres tu a moeda?! (tendo já decidido que lha daria, não dependendo da sua resposta.)
Fiquei à espera que me dissesse que era para comprar comida (mesmo que de seguida corresse a comprar guloseimas no quiosque da esquina), pois é o que normalmente fazem.
Ele olhou cansado e triste e surpreendeu-me com o pedido:
- Dá-me uma chupeta para a minha irmãzinha?!
Olhei espantada e boquiaberta. Por esta não esperava! Perguntei de novo, “O quê?!”
- Dá-me uma chupeta?...
- Mas… Tens uma irmã, quantos anos tem ela?
- Dois anos. - Respondeu na mesma tom de voz, meio sussurrada ou cansada.
E pronto…
A moeda foi transformada em duas chupetas (eram pacotes de duas) que custaram mais de cinco euros.
Não sei se era para a irmã, ou se uma delas irá servir para ele… Mas o seu olhar cativou-me e tocou-me na alma.
Espero, sinceramente, que cada “chuchadela” transforme o “vosso” choro num riso são.

 

 

Aqui não se pediam chupetas mas moedas em troca de fotos

O meu pagamento foi em sumo de pacote e rebuçados (gosto de negociar!)

"Maldita" que teima em não te deixar voar!

05.11.08 | DyDa/Flordeliz

  

Queria poder embalar-te

Docemente com brandura

Sentir o teu respirar

Abraçar-te com ternura

 

Na hora de despertar

Descobrir o teu sorriso

Para a tristeza espantar

Desse rosto tão sofrido

 

Tantas horas, tantos dias

Tantas mágoas, desilusão

Tantos a pedirem calma

Tão poucos a dar-te a mão

 

É muito fácil insistir

Não deve ficar ansiosa

Se te coças e esfarrapas

Desde que eras criança

 

Como seria engraçado

Teu sorriso endiabrado

Fazer caretas no espelho

Como se ele fosse o culpado

 

Se pudesse um tufão

Varrer toda amargura

Eu deixaria que entrasse

De modo a trazer-te a cura

 

Chamaste-me de tua Deusa

Como gostaria de ser…

Anulava essa maleita

E nunca mais te via sofrer 

 

AMO-TE "Nina"

 

Eu não sei que nome dar ao que sinto!

Sou uma vingativa justa (dizia ela)!...

02.11.08 | DyDa/Flordeliz

Há anos atrás uma jovem recém licenciada, ainda com o "pêlo na benta", logo nos primeiros dias de trabalho, comentava cheia de convicção:

- “Se sinto que alguém me faz mal ou prejudica nunca mais esqueço e logo que possa vingo-me!... Mas sou uma vingativa justa!”
Eu olhei calmamente, e a sorrir respondi:
- Isso "querida" era no seu tempo de escola. Porque agora verá que as suas horas voam.  E as vezes que vai “esbarrar” com a cabecinha na parede, se assim continuar a pensar, farão com que se esqueça desse "rico" feitio e vai aprender a morder a língua. Além de que irá precisar de vocacionar as suas "lindas" energias para coisas que lhe serão bem mais úteis. É que, na vida activa, se está preocupada com o umbigo ou em urdir tramas e vinganças, pouco tempo sobra para o trabalho sério.
Como ela olhava para mim com ar de quem não acreditava...
- Daqui a uns anos ainda vamos sorrir sobre esta nossa conversa.
 Dito e feito!
Os anos passaram e desse feitio de "tigreza" e de "unhaças" afiadas nada restou. Apenas o sorriso da lembrança ao admitir que era ingénua e que aprendemos com os nossos erros, e que muitas vezes engolimos o orgulho e arrancamos força de vontade para crescer como profissionais e seres humanos.
 
Este fim-de-semana ao olhar para ti pensei:
- Pois é! Quem te viu e quem te vê....
Quantos sapinhos já não tiveste que engolir?! Alguns vivos e tudo!...
Sonhos e castelos todos fazemos. Mas tronos disponíveis para princesas e rainhas, esses estão em vias de extinção!
 
Questão: E vinganças justas? Haverão?
Hummmm......