Gostava de ter tido a coragem de te voltar as costas. Mas sou estupidamente cortês. Estupidamente correcta.
A tua voz irrita-me;
A tuas certezas incomodam-me;
As tuas conquistas enojam-me
As tuas palavras aborrecem-me;
O teu protagonismo é doentio;
As tuas histórias não me alegram;
O teu vocabulário é indelicado;
A tua conversa repetitiva;
O teu "eu" maior que o teu tamanho.
Incomada-me que penses:
Que um dia estivemos no mesmo barco e a remar no mesmo sentido, porque eu sei que remei por todos até à exaustão, enquanto tu "e outros como tu" apenas faziam que remavam, ajudando um louco a construir castelos de sonhos e soprando aos moinhos de vento que ajudavas a erigir.
Eu sei (tu sabes que eu sei!) que apenas te interessava o "teu" lucro sem olhar a meios para os atingir. Gostava de ter a coragem de te olhar nos olhos e gritar-te bem alto: - Hipócrita! Falso! Cobarde!
- Mas não sou assim!
Penso enquanto contas as "tuas histórias" (de policias e ladrões onde continuas a ser o heroi e o conquistador) que detesto pessoas como tu, pessoas que não olham a meios para atingir os fins. Da vida mundana, sem principios, sem valores, sem respeito, sem dignidade.
Ouvir-te falar, faz-me lembrar "algo" que tento manter esquecido e que sempre me faz sofrer por ter sido uma luta solitária e uma luta perdida. Onde a lealdade foi palavra esquecida, palavra ignorada.
Ouvir-te fazer de conta faz-me lembrar de novo, toda a hipocrisia e tanta coisa ruim que peço "às alturas" que te mantenha a ti e a outros como tu longe do meu caminho.
Afinal...
Para que preciso eu de gente tão feia por dentro?! Para quê?...