O tempo que passa
"O tempo que passa não passa depressa.
O que passa depressa é o tempo que passou"
Virgilio Ferreira
It's not my imagination
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"O tempo que passa não passa depressa.
O que passa depressa é o tempo que passou"
Virgilio Ferreira
It's not my imagination
Queria ver o pôr do Sol, mas o tempo escapou por entre os meus dedos e apenas o olhei de corrida.
Passei pelo homem das castanhas, e num impulso, parei e corri a comprar um pacotinho.
Estavam tão quentinhas, lembrei-me de como seria bom poder partilhar algumas contigo.
Acrescentas sempre um pouco de magia com os teus gestos, a tua alegria, as tuas exclamações, que contagiam a minha alma tantas vezes amargurada.
Tenho saudades, saudades de ouvir o murmúrio do vento, que parece adivinhar os meus pensamentos e os vai sacudindo levando-os para bem longe.
Quem sabe outro dia, quem sabe outra hora...
Já é tarde e sinto-me cansada.
Quero Nanar!
Mais que o frio do corpo, é aquele que vem de dentro, não havendo calor ou roupa que o possa aquecer.
É esse "tipo" de frio que nos vai gelando a alma mantendo-a triste e cinzenta, mesmo em dias de muito sol.
É esse que transparece no olhar, e nos transforma em rostos melancólicos, apáticos ou distantes.
Obrigada por me teres mostrado um pouco do teu SOL, afastando por momentos a nuvem que teima em sobrevoar a minha cabeça, e me faz caminhar tantas vezes de cabeça caída.
Quem dera não tivesses de te afastar, para eu não sentir tanto frio ou medo.
O teu SOL faz a minha alma aquecer e a minha boca transformar-se em sorriso.
A tua LUA, as tuas ESTRELAS guiam o meu caminho, quando não consigo enxergar.
Sim, tantas vezes, eu preciso da tua mão amiga para caminhar.
SIM!
Um milhão de ...
" Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.
Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem."
Fernando Pessoa
Pouco me importa quem lê o que escrevo, apenas escrevo!
Não farei das minhas dúvidas certezas a ninguém.
Mas não deixo que as certezas de alguém permaneçam como dúvidas para mim.
Consegui durante algum tempo manter o anonimato de "algo" que considerava meu, mas hoje, enfim acabou.
Gostamos de ter alguma coisa só nossa, por pequena e insignificante (mesmo mesquinha) que seja.
Agora pronto... é partilhada.
Faz-me confusão...
Deixa-me triste!?
Mas,... Como "alguém" diz nada é nosso.
Não somos donos de coisíssima nenhuma.
Portanto... usem e abusem.
No meu intimo sei que um pouquinho continua a ser só meu (nem que seja em sonho).
Fui ao encontro do nada! E encontrei tudo.
O mar, o Sol que esperou pacientemente por mim, o sussurrar das ondas, e o nascer da lua.
E ... a tua presença, a tua atenção, o teu carinho.
Perdoa prender-te.
E OBRIGADA para sempre.
Mais um dia na minha vida.
Senti-me útil, senti que pude fazer bem a alguém.
Quando por fim terminei vi um olhar tranquilo, cansado, mas aliviado.
E isso não me sai da memória.
Eu fiquei exausta, transpirada, nervosa, mas muito aliviada por ter conseguido vencer uma tarefa para a qual nunca ninguém nos prepara ou ensina.
É um tactear no escuro, seguir o instinto apenas, com a intenção de ser útil e aliviar quem não consegue ser autónomo.
É difícil entender o que senti um misto de tristeza/alegria, afinal fui capaz.
São sentimentos confusos, estranhos.
Talvez porque é impossível não nos revermos naqueles que cuidamos.
Um dia vamos estar dependentes da boa vontade de alguém que olhe com um pouco de atenção, ternura ou apenas compaixão (quem sabe!?...) por um corpo derrubado pelo tempo ou pela doença.
Mexeu comigo, sempre mexe!
Tento brincar com as situações, e pensam que por brincar para tentar esconder o meu nervosismo, não sofro, no entanto fico transtornada por sentir a falta de bem estar dos que me rodeiam em especial os idosos.
Acredito que todos temos direito a um tratamento digno de bem estar e conforto.
Para que é necessário uma familia que nos fale nos mime ou nos encha o quarto de flores, se nos deixar apodrecer por inexperiência ou negligência?
Ao diabo com as palavras doces:
-Troquem por higiene e conforto
- Deixemo-nos de moralismos ou hipocrisias.
Se eu nada sou, nada tenho, nada quero, nada espero, porque perdem tempo com alguém assim?
Porque não me ignoram, não me deixam cair no meu canto, não me esquecem, não me arrumam como trapo velho que se guarda no armário?
Porque me obrigam a sorrir, a caminhar, a ver.
SIM, EU SEI...Ainda gostam um pouquinho de mim.
Não sei porquê!?
NÃO VALHO A PENA...
Porque tento saber sempre os porquês que me afligem.
Porque não posso simplesmente viver sem tentar entender os porquês.
Porque isto, porque aquilo, porquê e porquê e porquê? (Não pergunto mas penso!)
Quero desligar o botão. Quero parar.
Estou cansada.
Não tenho força.
Estou doente.
Do corpo, da alma, da mente.
Quem me dera, meu DEUS, quem me dera...
Tu sabes! Tu sabes ..., que estou tão cansada!
Não cansada dos outros (embora muitas vezes possa parecer).
Sou eu! Apenas e somente eu!
Meu DEUS ajuda-me pois sinto-me perdida hoje, não quero magoar ninguém, nem fazer triste quem me ama, mas não consigo é mais forte que eu.
Não consigo disfarçar a minha tristeza o meu desalento. Não SOU CAPAZ!
Posso caminhar ao sol, mas se não o sentir no coração para quê correr atrás dele!?
Faz-me sentir solitária, vazia, ansiosa, amarga.
Tenho muita coisa para ser feliz; Liberdade, carinho, amor, ternura, compreensão.
E no entanto... não consigo... não consigo...
Fico tão triste comigo. Tão amarga. Tão desligada do mundo.
Quero fugir e não sei como nem para onde, mas sei que quero e preciso de o fazer.
Como não sei onde!? Regresso ao ponto de partida sentindo uma vez mais que até nisso fracassei.