A partir dos oitenta devemos ir para a sucata? :-)
O meu "patriarca" a conselho médico deixou de conduzir, para sua segurança, e de todos os que com ele se cruzam.
Durante algum tempo acedeu, não sem lamúrias e queixumes.
Esta semana segundo a "matriarca", resolveu voltar à linha da frente e passou a jogar ao ataque - conduzindo.
Hoje segundo as mais recentes fontes familiares, apareceu cá por casa. Por azar, eu não estava, ou melhor: ainda bem, para mim, já que não gosto que se arme em Fittipaldi, sozinho.
Ao fim da tarde via telefone tentava fazer passar a mensagem que não era boa ideia, que o médico não tinha dado autorização, blá-blá-blá, palavras deitadas ao vento, enquanto ele feliz, brincava com a situação e dizia:
- Mas tu não me queres receber em tua casa, é?
- Eu não estou maluco, sei muito bem o que faço...
- O médico não sabe, eu é que sei como me sinto…
- Vou a tua casa, pois quero conversar contigo. Eu não sou maluco...Posso ir?...
Minha mãe do céu, e agora que se responde? Só posso brincar também!
Comecei o assunto com voz séria e acabei à gargalhada. Nada do que tentei transmitir foi levado a sério o que me deixou verdadeiramente apoquentada quando fiquei a olhar para o telefone ao desligar.
Não sei bem como lidar com o assunto sem o melindrar, até porque um dos manos acha imensa graça o nosso pai andar na estrada já "entradote", mesmo sabendo que o mais seguro é dar-lhe largueza se o vir ao longe.
Mesmo antes de subir para descansar, passei os olhos no sapo e escutei as minhas próprias gargalhadas com esta notícia "Há material circulante na CP com mais de oitenta anos..."
- É pá, afinal o meu pai até tem razão. Se com oitenta anos este material circula com pessoal dentro...
- Então, porque não pode ELE circular, se só anda ele e a sua Maria?
Ainda bem que lê o jornal e quando chega a casa já esqueceu o que leu, se não...
Ó vida mais atribulada.Este fim de semana a "coisa" não vai ser fácil, não vai, não.