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a alma da flor

a alma da flor

Não me tranquem!

04.04.09 | DyDa/Flordeliz

 

Um gato, em casa, sozinho, sobe
à janela para que, da rua, o
vejam.

O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.

Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.

Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.
Nuno Judice
Gosto de gente
Que vive, que sente
Olha, e é contemplado

Sentir o sol que me bate no rosto
Que queima, bronzeia, encandeia de luz
E que tanto me seduz

É o dia de hoje que eu quero viver

Da vida do gato
Na janela fechada
Eu não desejo nada

Não quero a eternidade
Isso é tempo demais
Preciso viver como todos os mortais

Não se me fechem janelas
Não me tranquem portas

Eu preciso respirar
Eu preciso gritar
Eu preciso de ar

Que o gato fique com a ETERNIDADE
Eu preciso de LIBERDADE

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