Não me tranquem!
à janela para que, da rua, o
vejam.
O sol bate nos vidros e
aquece o gato que, imóvel,
parece um objecto.
Fica assim para que o
invejem - indiferente
mesmo que o chamem.
Por não sei que privilégio,
os gatos conhecem
a eternidade.
Que vive, que sente
Olha, e é contemplado
Sentir o sol que me bate no rosto
Que queima, bronzeia, encandeia de luz
E que tanto me seduz
É o dia de hoje que eu quero viver
Da vida do gato
Na janela fechada
Eu não desejo nada
Não quero a eternidade
Isso é tempo demais
Preciso viver como todos os mortais
Não se me fechem janelas
Não me tranquem portas
Eu preciso respirar
Eu preciso gritar
Eu preciso de ar
Que o gato fique com a ETERNIDADE
Eu preciso de LIBERDADE