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a alma da flor

a alma da flor

Que bom que era se fosse apenas conto de Natal!

23.12.08 | DyDa/Flordeliz

É Natal!

Época de contos de fadas e princesas de final feliz.

Que pena a realidade não ter sempre o final que desejamos, porque este, é o conto na primeira pessoa da vida real, de alguém real, que não deseja o final que a vida lhe reservou.

E esta mulher "algumas" vezes ainda sonha que um dia poderá vir a ser feliz!...

 

Chamo-me Mónica e tenho Psoríase desde os três anos. Sofri muito, bem como os meus pais, até descobrirem que tipo de doença era. Agora tenho 30 a minha doença e a história vão continuar até ao fim dos meus dias.

 

Sou uma pessoa muito carente. Filha única e, talvez também por isso, sinto uma enorme necessidade de carinho, afecto e atenção. Ou então, talvez porque me refugio nos que me aceitam e amam sem olhar ao meu aspecto.

 

Já muitos são os anos que sofro com esta doença. Os seus problemas, o seu aspecto inestético, as dores que me incomodam e apoquentam, mas principalmente a falta de organização para uma solução e muito menos um fio de esperança na cura.
Sonho que um dia alguém nos ajude e olhe para nós. Porque, mesmo não havendo soluções de medicação, há tratamentos de estética que, para a Psoríase, são muito importantes. Só que por serem específicos para esse fim “estético” são muito caros e não temos a possibilidade de os fazer. Pelo menos eu não tenho! Por isso me lamento, porque não encontro solução e vou transmitindo a desilusão do que sinto para o papel.
Estou farta de sofrer. Cansada de sentir que ninguém se interessa por mim, tal como muitos outros como eu.
É preciso agir, fazer alguma coisa! Ajudem-nos porque Nós também somos doentes crónicos!
Chamam-lhe doença para logo depois, na hora de fazerem o tratamento, afinal, lhe chamarem “estética” por ser dispendiosa financeiramente!
Já ouvi da boca do médico: Há casos piores!... É verdade. Cada um tem o seu fardo, mas este é demasiado pesado para o longo caminho em que me ando a arrastar!
Somos revoltados com a sociedade pois sentimo-nos diferentes. Ou pelo menos, é como nos tratam. Sofremos depressões muito graves, porque uma doença leva sempre a outra. Não é fácil encarar o espelho. Não é fácil ver as pessoas a desviarem-se de nós, fugirem de nós ou a afastarem-se com medo de contágio. Até porque, a informação sobre a doença também é escassa. Por isso tentamos esconder o nosso corpo para não chocar ou alertar quem passa.
O sofrimento está presente diariamente. Não consigo minorá-lo financeiramente. Estou debilitada fisicamente, já para não falar na revolta que a cada momento me derruba e me faz sentir deprimida e com dores agravadas por Cefaleias de Tensão Crónica no fim de contas, sofro de depressão constante, pois não me consigo olhar ao espelho. Não consigo aceitar a imagem que o espelho devolve. Não consigo aceitar a doença! Não consigo ser diferente, ou pelo menos, tentar pensar diferente!
A Psoríase sempre fez parte da minha vida. E com isso sofri pelos complexos de uma sociedade mal formada e sem informação, que vive de aparências, fazendo questão de que nós (psoriáticos) pensemos que não somos nada nesta vida, levando-nos por vezes a cometer actos de loucura e, por fim, a tentativas de suicídio. Eu penso e sinto assim! Acredito que a maior parte pensa da mesma forma. Não somos bem vistos, nem a nível profissional ou a nível pessoal e intelectual. Somos discriminados pela nossa aparência,  se as lesões forem visíveis e não for possível escondê-las com roupa, que é o que a maior parte de nós faz.
O ser Humano é somente “Ser”. Falta-lhe dar sentido ao “Humano”, com a bondade e a partilha de sentimentos. Muitos preferem o donativo àquele “coitadinho”, como pura descarga de consciência, no lugar de uma palavra de conforto ou atenção.  Mas a segunda é que é verdadeiramente importante. (Faz mais falta um ombro, que uma “mãozinha”)...
 

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