Estamos na época das constipações. Os dias ficaram muito frios e o meu filho anda meio adoentado. Diz que sente a cabeça pesada e o nariz está congestionado e pingão. E nota-se no seu olhar a fadiga provocada pelo esforço em continuar a levantar e sair cedo para não perder as aulas.
Para aliviar este quadro, já tratou de “enfiar” uns comprimidos tentando resistir à vontade de se deixar adormecer até a maleita dar de frosques, pois a época é de testes e não de ficar na cama!
Como mãe, fico preocupada e tento aliviar-lhe o mau estar. E hoje, ao passar pela farmácia, resolvi entrar para pedir algo que o pudesse ajudar a respirar com menos dificuldade.
Estava a abarrotar de gente. Afinal, as constipações chegam sem limite de quantidade e é só “pegar e levar para casa”!
A mim, falta-me a paciência. E desespero quando vejo muita gente à espera, enquanto muito calmamente, os funcionários vão fazendo o mesmo trajecto e o mesmo ritual vezes sem conta em direcção aos armários para despachar uma receita com vários medicamentos, trazendo apenas UM de cada vez. Será proibido trazer mais que um, tenho essa dúvida?!
Sei que sou impaciente e que locais com muitas pessoas me fazem confusão. Não é culpa de ninguém, é feitio meu! Mas ainda assim…
Enquanto tentava enganar a impaciência, passando o peso de uma perna para a outra e aguardando a minha vez, eis que oiço um petiz na casa dos sete anos (poderia ter mais… poderia ter menos… andava lá perto!) sussurrar, um pouco acima da minha cintura.
- Dá-me uma moedaaaaa?!...
Despertando da minha observação e ansiedade, olhei na sua direcção e respondi:
- Para que queres tu a moeda?! (tendo já decidido que lha daria, não dependendo da sua resposta.)
Fiquei à espera que me dissesse que era para comprar comida (mesmo que de seguida corresse a comprar guloseimas no quiosque da esquina), pois é o que normalmente fazem.
Ele olhou cansado e triste e surpreendeu-me com o pedido:
- Dá-me uma chupeta para a minha irmãzinha?!
Olhei espantada e boquiaberta. Por esta não esperava! Perguntei de novo, “O quê?!”
- Dá-me uma chupeta?...
- Mas… Tens uma irmã, quantos anos tem ela?
- Dois anos. - Respondeu na mesma tom de voz, meio sussurrada ou cansada.
E pronto…
A moeda foi transformada em duas chupetas (eram pacotes de duas) que custaram mais de cinco euros.
Não sei se era para a irmã, ou se uma delas irá servir para ele… Mas o seu olhar cativou-me e tocou-me na alma.
Espero, sinceramente, que cada “chuchadela” transforme o “vosso” choro num riso são.
Aqui não se pediam chupetas mas moedas em troca de fotos
O meu pagamento foi em sumo de pacote e rebuçados (gosto de negociar!)